Veja o meu corpo,
estendido ao chão cinzento.
Ossado, sem sopro
nem leito profundo
no orbe que é mundo.
Sou o anjo caído
na planície sem nome.
Sem flores, pedra ou candelabro velado,
um fantasma do passado
que o tempo consome.
Um miserável alado,
sob a constelação de Abril,
pela solidão farejado,
sem oração ou unção.
Ferido, no frio.
Contemple agora (pegue seu vinho seco)
esta criança de Lúcifer; olhe:
tem dois pulmões,
duas asas e... Dois Corações!
Beba tudo de um só gole.
Não há larvas famintas no couro,
teu olhar que não vê é o verme.
Guarde um pouquinho pra ti,
mas deixe uma lágrima brotar de seu cerne.
Ora! Veja, é tarde demais: não estou mais ali.
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