segunda-feira, 14 de junho de 2010

Eu não sei o que escrever


Eu não sei o que escrever, só sei que estou precisando. Tenho muito a dizer, e de tanto, surge aquela preguiça diretamente proporcional. Assim como muitas coisas, tipo: quando se tem muitos estudos para fazer ou trabalho acumulado, a preguiça se torna algo diretamente proporcional, e a desculpa de não saber por onde começar é a preferida, apesar de qualquer outra servir.
Mas dias atrás pensava o contrário: “Porra! Faz tempo que não escrevo coisas minhas no blog! Acho que não tenho nada para dizer...”. Tenho. Sempre temos, mas às vezes não queremos. Minha vontade era avaliar minha vida estando fora de mim mesmo.

- Olha ali o Carlos! Vejamos... Hoje ele parece [feliz / triste / ansioso / bem humorado...], mas nem penteou o cabelo, será que está com a auto-estima baixa? Ou avesso à sociedade? Ou ainda, está com a auto-estima tão alta que nem liga para o que os outros pensariam de seus embaraçados fios negros.

Esse Carlos de fora teria muitas dúvidas também, mas existe uma diferença crucial na avaliação dele: Ele poderia dar um veredictum e se contentar com ele, aceitando-o e o respeitando até o último dia de sua vida. Afinal temos excelência em formular resposta para a vida de terceiros, isentos de responsabilidades que somos, e no fim, se nos enganássemos (o que acontece muito), seria só mudar de opinião e ficaria tudo numa boa. Simples como não poderia ser. E no caso de simpatizarmos com a figura, melhor ainda! Não temos nem dúvidas, seria como assistir a partida de seu time favorito e saber exatamente para quem o meia deveria tocar a bola, como bater aquela falta perigosa, perto do gol adversário, e ainda mais, o que o juiz e o bandeirinha deveriam julgar do lance duvidoso: “Juiz filho da puta! Foi pênalti, foi pênalti! Cacete!”, “Porra caralho! Foi na bola! Vai dar cartão pra tu mãe, viado!”, “Foi escanteio! Tiro de meta o caralho! Tiro de meta é atirar na tua mãe, oh arrombado!”. E por aí vai... (Sim, a copa do mundo talvez tenha me inspirado um pouco). Mas avaliar sua vida estando nela é como ser o atacante que vai cobrar o pênalti da decisão: calafrios, nervosismo, pressão, taquicardia, medo de errar, “pra que lado chutar?”, 200 Aves Marias por segundo (100 se for um bom ateu).
O que resta é dizer o que sente. Pra quem? Para um blog, quando os amigos faltam e você não consegue confiar mais em ninguém, ou talvez em si mesmo. Aqueles xingamentos atrás dizem alguma coisa, mas ainda não sei o que escrever.



3 comentários:

  1. Sabe...fiquei aqui pensando em Billy Elliot...em dançar e desaparecer, em se deixar em plena eletricidade. Não saber o que escrever,não ter motivos...e fazê-lo, e aí "ser". Só isso.Taí uma coisa boa de se fazer! Eu sempre acho que nas perguntas está a melhor parte...Bjoo,carinho.

    ResponderExcluir
  2. P.S. Tá demais esse layout cheio de asas!

    ResponderExcluir