sábado, 26 de junho de 2010

Soneto I

Passei ontem a noite junto dela.
Do camarote a divisão se erguia 
Apenas entre nós - e eu vivia 
No doce alento dessa virgem bela...


Tanto amor, tanto fogo se revela 
Naqueles olhos negros! Só a via! 
Música mais do céu, mais harmonia 
Aspirando nessa alma de donzela! 


Como era doce aquele seio arfando! 
Nos lábios que sorriso feiticeiro!
Daquelas horas lembro-me chorando! 


Mas o que é triste e dói ao mundo inteiro
É sentir todo o seio palpitando... 
Cheio de amores! E dormir solteiro!



Álvares de Azevedo

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